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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Eu poderia....

Eu poderia ter aberto o blog para escrever sobre o velório do Tigre Antônio, que foi morto por um camelo.
Eu tive esse sinhô e o Beto disse que eu falava a noite sobre o velório, enquanto eu dormia, evidentemente, e Beto conta que eu perguntei pra ele se ele tbm iria ao velório do tigre Antônio comigo, porque todos os amigos do tigre Antônio estavam muito tristes.
Eu fui ao velório e eu mesma constatei o tanto que estávamos tristes pelo camelo ter matado o tigre Antônio.
Eu poderia ter aberto o blog para dizer o quanto o casamento da minha irmã foi bacana, e o quanto eu gastei dinheiro numa estola de pele de coelho maravilhosa ( sim me julguem) acreditando que estaria frio e no dia fez sol.
Sim, porque os dias que antecederam ao casamento da minha irmã foram dias muito frios.
Frios do verbo: eu estava cogitando ir de edredon para o casamento.
Mas no dia, olha que benção, fez sol.
E evidentemente eu não consegui me manter no altar com a estola maravilhosa e felpuda de pele de coelho cinza mescla.
Eu poderia ter aberto o blog para dizer o quanto o meu trabalho, apesar de cansativo é adorável e o quanto eu amo fazer o que faço rodeada por aquelas pessoas que eu adoro ter por perto.
Eu poderia ter aberto o blog para contar que a Larissa comprou a roupa do réveillon 2014 para o bebê sem nome. A roupa do réveillon 2014.
Por favor, vocês entenderam?
A roupa do réveillon 2014.
Espero que tenham compreendido.
Eu poderia ter aberto o blog para dizer que eu nem grávida estou e já me preocupo com o parto que eu terei, porque eu vi um trailer de um filme que no início aparecia depoimentos de pessoas falando sobre coisas lindas e de repente tinha uma mulher parindo numa cadeira. E isso foi só o trailer. Um trailer do mal que me fez gritar na varanda enquanto eu assistia e fumava. Era como se aparecessem ursinhos carinhosos e pandas nadando em chocolates e depois do nada aparecesse uma carnificina.
Foi assim que eu me senti. Sem preparo, ninguém escreveu uma legenda mandando a gente fechar os olhos, ou aquela mensagem " as próximas cenas são fortes, não prossiga se não estiver preparada". Foi no seco mesmo.
Os ursinhos, nuvens coloridas, poesias e de repente pá: uma mulher numa cadeira botando pra fora um bebê do tamanho de um peru de natal.
E ela gritava. Juro.
Uma coisa de dar medo.
E então eu poderia ter aberto o blog para dizer que nem grávida estou mas já sei que meu parto será cesárea.
Sabe assim? Já defini.
Eu poderia ter aberto o blog para dizer que final de semana do dia dos pais o Beto foi pra Ribeirão para ter com seu papito e eu fiquei sozinha um final de semana todo, e na sexta feira eu fui jantar com minha mãe depois que saímos da casa do meu pai. E daí no sábado eu resolvi fazer um dia de mulherzinha e marquei salão. Imagine se eu perco um sábado no salão. Mas eu fui.
Aproveitei também para jantar com a tatão, minha amiga lindona, que me presenteou com um chaveiro do ET.
E no domingo foi o dia dos pais, e rolou almoço e foi delícia.
Então eu poderia ter aberto o blog para dizer que fiquei mais perdida que filha de puta em dia dos pais sem o Beto, porque fiquei mesmo.
Mas li um livro lindo, que eu recomendo e que se chama " Violetas de Março".
E senti muitaaaaa falta do Beto.
Eu poderia ter aberto o blog para contar que Beto e Lu, a pinguim mais velha, que moram juntos atualmente não morarão mais juntos, e que nós dois moraremos juntos e para tanto estamos procurando o nosso canto.
E eu poderia ter aberto o blog para dizer que eu, que depois que me divorciei nunca mais queria casar, me vejo empolgadíssima novamente e eu e Beto fazendo altos planos que incluem decoração, pastilhas no banheiro futuro, sofás gigantes com chaise e imagens na parede.
E para quem só ia casar de acordo com ele em 2018 rolou uma antecipação, e há boatos de que não tarda.
Rá.
Eu poderia ter aberto o blog para dizer que desde o dia em que o conheci eu já sabia que me casaria com ele.
Eu poderia ter aberto o blog para dizer que num mundo onde pessoas são tão pela metade, eu o vi inteiro.
E tive medo.
Medo de que fosse mentira, medo de fosse mais um, medo de que estivesse com coração fechado, medo de que fosse um engano, medo de fosse ilusão, medo que fosse miragem, medo de que fosse esperança vã, medo de que fosse canalha, medo de que fosse galinha, medo de que fosse partir meu coração, medo de que fosse me largar sem mais, sem menos, subtraindo meu coração mais uma vez, medo de que fosse multiplicar as dores, medo de que fosse mais um.
E daí eu fugi.
Como vocês sabem.
E hoje olhando pra trás eu percebo o quanto eu perdi com medo.
E hoje olhando pra frente eu só vejo o quanto ganhei lutando com os meus medos. Porque ele não é nada disso.
Ele é o meu pinguim, e só quem quem tem um cara ao lado de quem se orgulhar sabe do que eu tô falando.
E hoje, quase 6 anos depois do meu primeiro casamento, não há medo.
Não há medo porque há certezas.
E essas certezas me fazem seguir em frente.
Sem olhar pra trás. Sem lamentar o que passou.
E eu poderia ter aberto o blog para contar tantas coisas, e nessas de não foi pra isso, eu contei tudo.
Eu me expus mais uma vez.
E é na exposição sincera que eu ganho afagos de pessoas que eu nem conheço, só virtualmente.
E se na internet há muita inveja, eu não temo, porque medo paralisa e asfixia.
E eu só desejo em dobro o que me desejarem.
E isso basta.
Basta porque há um Deus no qual acredito que nunca dorme.
Basta porque eu ainda acho que há mais pessoas bacanas do que maldosas.
E basta porque eu meço as pessoas pela minha régua.
E longe de ser perfeita, eu só desejo que todo mundo seja feliz, à sua maneira.
Felicidade à moda da casa, á moda da vida de cada um.
Não felicidade empacotada, felicidade padrão, felicidade igual pra todo mundo.
Desejo felicidade com o que você sonhar.
A sua felicidade não é a minha.
A minha felicidade não é a sua.
Procure a sua.
Eu procuro a minha.
E no fim das cintas, eu só desejo que encontremos.
Sem medo.
Porque eu poderia ter aberto o blog para me lamentar, para chorar as pitangas, coisa que já fiz muito por aqui.
Mas hoje não.
Faz meses que não.
Hoje eu abri o blog para dizer que uma nova vida está chegando, e que eu só posso agradecer e me alegrar.
Porque hoje eu só penso em pastilhas verdes e um sofá com chaisse marrom pra eu deitar no colo daquele de quem fugi, e comer pipoca ou caviar, não importa, o que importa é onde minha cabeça estará apoiada...